igreja catolica na idade media

A Igreja Católica na Idade Média


A Igreja Católica na Idade Média dominava o cenário religioso. Detentora do poder espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento na Idade Média.

A Igreja também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em grande quantidade e até mesmo servos trabalhando.

A igreja medieval

O cristianismo tornou-se a religião oficial do império Romano a partir de governo de Teodósio, com o Edito de Tessalônica (391), devido à força que conquistou o Império Romano em decadência.

Esse poder ampliou-se e solidificou-se durante o período das migrações bárbaras, quando a Igreja conseguiu aliar-se a muitas das tribos bárbaras e convertê-las ao cristianismo.

O prestígio crescente do clero também foi favorecido pelo recebimento de doações em terras, seja das conquistas dos novos reis, seja dos novos fiéis cristãos.

Pouco a pouco, a Igreja foi se transformando na maior proprietária de terras (feudos) do período, aglutinando o maior poder do sistema feudal.

O papado surgiu quando Leão I, com a ajuda do imperador romano Valentiniano, estabeleceu seu predomínio sobre os demais membros da Igreja (455).

O crescimento do poderio da Igreja Católica na Idade Média evidenciou-se a partir do pontificado de Gregório Magno (590-604), quando a Igreja deu os primeiros passos para assumir o poder temporal da Itália (bens e poder político) na região, que se somou ao seu crescente poder espiritual.

Crises da Igreja Católica na Idade Média

Afora alguns conflitos locais, a ascensão do poderia eclesiástico só encontrou resistência significativa no Império Bizantino, que culminaria no Cisma do Oriente.

Outros episódios também influenciaram negativamente no poder da Igreja, como a Questão das Investiduras e o Cisma do Ocidente.

Cisma do Oriente

A queda do Império Romano do Ocidente não foi acompanhada pela queda do Império Romano do Oriente, cuja capital era Bizâncio.

O cristianismo predominou também no Oriente, embora tenha se desenvolvido de forma diferente do Ocidente.

No império bizantino, manteve-se a estrutura herdada de Roma, com o imperador sendo considerado chefe da igreja.

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No império do Ocidente, o fim do Império Romano levou à criação de um líder espiritual da Igreja, o bispo de Roma, logo chamado de papa.

As disputas de autoridade entre o papa (do Ocidente) e o imperador (do Oriente) foram inevitáveis e culminaram na separação das duas igrejas, em 1054, no que ficou conhecido por Cisma do Oriente.

A partir daí, surgiram duas cristandades, a oriental e a ocidental, chefiadas respectivamente pelo imperador e pelo papa.

Com o tempo, as tradições e a própria organização do culto passaram a ter características distintas e a tradição seguida no Oriente foi chama de Igreja Ortodoxa.

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Vitral da Catedral de Chartres, na França, ilustrando um ferreiro aplicando uma ferradura em um cavalo. Foto: Wikipedia Commons – Vassil

Questão das investiduras ou querela das investiduras

O poder desfrutado pela Igreja cresceu progressivamente até o século X, quando surgiram as primeiras contestações significativas à estrutura, destacando-se então a Questão das Investiduras.

Um dos grandes problemas da Igreja Católica na Idade Média era o seu aspecto feudal.

Os bispos e arcebispos, ao administrarem as terras eclesiásticas, agiam como verdadeiros senhores feudais e muitas vezes desfrutavam grandes riquezas.

Ao mesmo tempo, os imperadores, os reis e os senhores feudais intervinham decisivamente na eleição dos dignatários da Igreja, para favorecer aqueles que lhes fossem leais.

Por entender que eram abusos, insurgiu-se vigorosamente o papa Gregório VII. Nessa época, o papado sofria forte influência dos imperadores, uma vez que os Estados Pontifícios faziam parte do Sacro Império Romano Germânico.

O papa entendia que seu poder era absoluto, e como chefe da cristandade, competia-lhe sua total direção.

Seus primeiros atos foram a expulsão, da Igreja, dos bispos considerados indignos.

Em seguida, proibiu que qualquer autoridade religiosa recebesse seu cargo das mãos de um leigo.

Esta ultima resolução atingia especialmente ao imperador do Sacro Império Romano Germânico, em cujos domínios havia grande número de feudos religiosos.

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Henrique IV, em defesa da autoridade imperial, declarou que a investidura deveria ser dada pelo imperador.

Surgia, assim, a querela ou questão das investiduras e iniciava-se a luta entre o império e o papado.

Apoiado por uma assembleia de bispos alemães sob seu controle, Henrique IV resolveu desafiar as ordens pontifícias.

Gregório VII respondeu com a excomunhão do imperador, ao mesmo tempo em que considerou os seus súditos desligados do juramento de fidelidade e o trono vago.

Os senhores feudais alemães, que temiam o crescente poderio do
imperador, apoiaram Gregório VII e deram a Henrique o prazo de um ano para uma reconciliação, sob pena de elegerem um novo soberano.

Henrique cedeu e, atravessando os Alpes, foi penitenciar-se em Canossa, onde, vestido como um simples peregrino, durante três dias, ficou esperando o perdão pontifical.

Henrique IV foi perdoado e comprometeu-se, então, a não interferir mais nas eleições dos bispos. No entanto, seu arrependimento não era sincero e refletia apenas um interesse político.

Quando conseguiu consolidar novamente seu poder na Alemanha, invadiu a Itália, estabeleceu um antipapa e obrigou Gregório VII a refugiar-se em Salermo, no sul, onde morreu pouco depois.

O conflito continuou e quando não mais existiam protagonistas da questão das investiduras, foi feito um acordo entre os príncipes alemães e o papa, que passou à história com o nome de Concordata de Worms (1122).

O Cisma do Ocidente

Algum tempo depois da Concordata de Worms, surgiram novos conflitos entre o papado e o Sacro Império.

Mas foi bem mais tarde, no século XIV, que se deu co conflito – o mais forte indício do enfraquecimento do poder da Igreja – entre o papa Bonifácio VIII e o rei francês Filipe, o Belo, que arruinou o poder papal.

Desse confronto resultou o surgimento de vários papas, quebrando a unidade da igreja: foi o chamado Cisma do Ocidente.

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Felipe, o Belo (1285 – 1314), neto de São Luis, havia dado ao trono francês a autoridade que lhe faltava devido ao poderio das classes nobres.

O absolutismo do soberano francês chocou-se com as idéias do papa Bonifácio VIII que, como continuador de Gregório VII, tinha conceitos bem definidos a respeito da soberania papal.

Depois de choques causados pela imposição de tributos ao clero, e pela nomeação de um prelado papal que não contava com a confiança de Felipe, o Belo, o papa foi aprisionado por aventureiros italianos e soldados franceses em Anagni, vindo a falecer logo depois.

Foi escolhido para sucedê-lo o arcebispo francês de Bordeaux e a capital da Igreja foi transferida para Avignon, na França.

Somente com o Concílio de Constança (1417), o papado foi estabelecido definitivamente em Roma.

A SANTA INQUISIÇÃO

Os princípios básicos da Inquisição remontam ao ano de 1184, quando, pelo Concílio de Verona, tornou-se órgão de investigação e combate às heresias.

O Tribunal do Santo Oficio definiu as atribuições que seriam exercidas pelos bispos especialmente designados, que atuaram em diversos países da Europa.

Em 1231, o papa Gregório IX lança a bula Excommunicamus, que estabelecia à Santa Inquisição a sistematização das leis acerca dos crimes relativos à feitiçaria, blasfêmia, usura e heresias.

Os processos eram constituídos a partir de denúncias e confissões, feitas muitas vezes para evitar de incorrer em um outro crime considerado pior: o de ser “fautor de hereges”, ou seja, acobertar ou fomentar as heresias.

As penas aplicadas tinham uma graduação de penas que iam do jejum, multas, pequenas penitências e até à prisão.

Nos casos considerados mais graves, os acusados eram entregues ao “braço secular”, ou seja, à autoridade civil, a qual geralmente aplicava a pena máxima da morte na fogueira, em um ato público, chamado “auto-de-fé”, isso em casos extremos em que o herege negava-se a pedir perdão ou a retratar-se.

Imagem de capa: “Abside de Sant Climent de Taüll”, tela de 1123. Foto: Wikimedia Commons – The Yorck Project (2002)

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2 thoughts to “A Igreja Católica na Idade Média”

  1. Seria interessante analisar o lado espiritual da Idade Média. O papel dos Mosteiros na cultura às ordens Religiosas. Francisco de Assis, s aso Bento etc

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